30 junho 2006

A casa do equilibrista

Cadu Corrêa

A casa do equilibrista não tem chão.
Não tem chão a casa do equilibrista.
Mas ele amarrou cordas que o levam
Do quarto para sala e da cozinha para o banheiro.
E assim vive o equilibrista:
Bambo e só!
Às vezes assiste a televisão, que parece que flutua,
Amarrada por um barbante a um ganchinho no teto.
A televisão que é bamba mas não é só
Tem um sofá a lhe fazer companhia.
E só Deus sabe como o sofá na sala fica.
Porque a casa do equilibrista não tem chão.
Não tem chão a casa do equilibrista.

12 junho 2006

Compassos ternários

Cadu Corrêa

Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.
Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.
Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.

Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.
Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.
Três passarinhos canTam nos fios dos posTes.

08 junho 2006

Gentílico, poeta

Cadu Corrêa

Nasci em Angra dos Reis.
Não sou como Drummond, Itabirano
Ou Bandeira, Recifense.
Mas moro no Rio
Como Carlos, Manuel e Ferreira, Maranhense.
E esse é meu único consolo.
Quem sabe, um dia, não ouço dizer:
Lá vai Cadu, o Poeta Angrense!