14 abril 2006

Ouvindo tangos e milongas

Cadu Corrêa

Ouvindo tangos e milongas
Afasto o frio e tomo vinho
Enquanto a noite cai

Ouvindo tangos e milongas
Guardo segredos e conto estórias
Sobre generais que

Ouvindo tangos e milongas
Venceram guerras, cortaram mares
E deixaram lares

Ouvindo tangos e milongas
A lembrar seus soldados mortos
Seus filhos tortos

Ouvindo tangos e milongas
Afasto o frio e tomo vinho

Enquanto a noite cai

13 abril 2006

Sem título

Cadu Corrêa

sem tema sem propósito
sem motivação justificativa ou vontade
de qualquer jeito sem esmero nem rima

com um pouco de ritmo admito
mas um ritmo assim apático
(nenhum samba enredo nem nada)

sem mais nem porque
sem pontuação
sem expor idéias

sem conclu

12 abril 2006

Escrevendo desenvolve-se a escrita

Cadu Corrêa

Escrevendo desenvolve-se a escrita:
Linha que aponta nossas faltas,
Erro que por toda lauda grita
E nos envolve no novelo dessas pautas.
A gente apaga o garrancho com a borracha
mas sempre mancha de borroco toda vida.

11 abril 2006

Lista

Cadu Corrêa

Aquela mesa e alguns papéis
O velho cão e o sofá
O carro a cama o toca-discos
A assinatura do jornal
O telefone a tatuagem
E o bilhete do metrô
Aquele lp do Chico
A paz e o computador
A paciência a juventude
O alarme do despertador
As ruas mortas desse bairro
O cais o mar e a embarcação
O isqueiro e uns poucos amigos
O tarja-preta e as manhãs
A pouca roupa os muitos livros
O que é pequeno e a imensidão

O mais é pessoal e intransferível
E eu não posso confiar a terceiros

06 abril 2006

O sonho do mineiro excêntrico

Cadu Corrêa

Um jazz um gin
Que mais?
Um queijin
Num barzin um pianin
Uma mulher de vistidin vermelin
Cantando e dançando pra mim

05 abril 2006

Rastros de sol

Cadu Corrêa

Cabeça de vento
Pensa sempre em tempestade
Solta fogo pelas ventas
E não deixa o sol entrar

Já o girassol
Na cabeça borboleta
Rouxinol em piruetas
E nos pés um caracol
Raios de luz rastros de sol