26 dezembro 2005

O amor o que é?

Cadu Corrêa

O amor
O que é?
É uma palavra
Tão diferente dos absurdos
Que a gente escreveu

O barato as vezes sai caro
Pergunte pra dona barata
Que espera em casa
O marido que ainda
Não chegou do bar

Invisível
É uma coisa impossível de ver
E a maldade é algo assim?
Deus me livre
Vá saber

19 dezembro 2005

Sobre você

Cadu Corrêa

Sobre você
Um lugar onde eu não estou
E sobre isso eu escrevi umas palavras

Sobrevoei a sua casa
Te imaginei
Me imaginei
Sobre você

Sobre você
Eu quis fazer uma canção
Que lhe falasse sobre mim
Escuta agora minha voz, meu violão
Sobre você

17 dezembro 2005

Tanto mistério

Cadu Corrêa

Quem pediu a noite imensa
Pra guardar tanta estrela
No seu sótão de poeira fria na escuridão?

Como faz o mar infindo
Pra abarcar tanto mistério
Desses barcos que não voltam
Ou navios que não vão sair do cais?

Quando ela pescou uma palavra para ele
Ele amarrou em uma frase pra cantar
E quando plantou uma outra rosa no cabelo
Ela ficou 'inda mais linda que o luar

A vida tem estradas e tem portas de saída
Também tem portos onde amores vêm e vão
E quando em sonho é como vento nos cabelos
É cafuné é mãe é menino e pião

07 dezembro 2005

O Palíndromo de Marrocos

Cadu Corrêa

Socorram-me,
Subi no ônibus
Em marrocos
E me deparei
Com esse palíndrome

Agora, o que eu faço
Com esse paquidérmico,
Estapafúrdio palíndromo?

O maior do mundo
Diante de mim

Logo que
Subi no ônibus
Já o provoquei

Socorram-me em Marrocos!

Essa escrita constrangida
Não me deixa outra escolha
Senão descer do ônibus
E concluir o poema

06 dezembro 2005

A dura constatação

Cadu Corrêa

Meus lábios já não querem mais batom
Meus pés já não precisam de sapato
Meu corpo já não necessita abraço
Minhas mãos já não procuram outras mãos;

Meu peito já não pede mais calor
Meus olhos já não buscam ver a luz
Meus braços já não sentem mais saudade
Minha guerra já não necessita paz.

Venci? Não.
Me conformei.
.
.
.

01 dezembro 2005

Lascivo

Cadu Corrêa

Lânguida língua lambe, liberta libido!
Lenes lágrimas lavam ledos lapsos.
Louco líbito!

Loas loquazes livram longas lástimas
Logrando lúgubre libertação.

Luto latente.
Lívido luzeiro.
Leite, luxúria, licor, lipotimia, (louco líbito)

Lápide!