Pouca soja roupa suja
Cadu CorrêaPouca sojaroupa sujamorte lentavem me ver
Morro agoramuito sanquepouca águapra beber
Abre a bocafeche a casaabra os olhosmira o cais
Mão fechadapeito abertocarne fracadescanse em paz
Perco o norteacho a sortedando ibopepro azar
Salva o diauma meninade vestidome beijar
Costurando
Julia, linha e agulhaCadu CorrêaJulia! Vamos, Julia!O pano a gente costuraUsando só linha e agulha.E o mundo, Julia?Como a gente costura?Vamos, Julia...Eu sei que você sabe.Pegue um papelEscreva algumas linhas(a caneta é a agulha).Ande, Julia, não pense.Às favas com o juízo.Remende poesia onde achar preciso!KoratzaooJulia NemirovskyEu pego a canetapara costurar a vidatão desconexa e embaralhadaMas antes saio à cata de retalhos(uma colcha macia viria a calhar)Em uma esquina insossaencontro um amigoque sorridente e serenome estende os braçosNo abraço apertado começo a tarefacozendo bem perto nossos corações
Quadra II
Cadu Corrêa
Cada palavra que escapa de nós
Já não mais pertence à boca que diz
Nem mesmo o beijo, que cala a voz
Sabe das frases que um dia eu fiz.
Quadra I
Cadu CorrêaPrenúncio de que morre um coração:
Antes de rachar geralmente estala
E se pode saber na medida que regala
Onde foi que o amor errou na mão.
Uma menina de saia
Cadu CorrêaUma menina de saiadiscman e chicleteestoura uma bolapassa sem me ver
Meu coração ficaa olhar o risomas eu não rioe nada digo
Me despeçoapenas com o olhare já sinto saudadedela pequena
Ela passoutantas passarammeu deus, quantasainda passarão?
Uma voz dentro grita: agarrasenhoras com sacolas resmungam:velho sem vergonha
Eu,simplesmente observonem sei mais se desejoobservo somente
Observoe me deixo doer
Coração passa
Cadu CorrêaJovens vejamcomo é triste e grandea dor de uma espera infinita
Por amor:passam anos vidas passame o coração bem amado
Não passou.o peito contempla apenaspernas novas. na calçadaVelha saudade(dos velhos tempos de calçadas novase jardins) que hoje doi tanto.
Tanto amoro velho tinha e não amou, morreu!nem pneumotórax nem tango argentino.