17 junho 2008

De tanto andar o seu tênis furou

Cadu Corrêa

De tanto andar o seu tênis furou.
O pé tocou o chão. Sem opção ele lançou,
Com as próprias mãos com os próprios pés,
A sua sorte rumo ao cais. Ele tomou a embarcação pra Trinidad.

De tanto achar que não dava mais pé,

De tanto comer o pão que o diabo amassou
Com as próprias mãos com os próprios pés,
Ele ergueu o olhar pro céu, olhou pra si e viu que estava ao Deus Dará.

Mas percebeu reclamar era em vão.

Ele então se conformou e fez das tripas coração
Com as próprias mãos com os próprios pés.
Também jurou não se abalar e fez de tudo para não perder a fé.

Perder a fé.
Perder o chão.
Perder a mão.
A direção.
E ao coração que vai ficar
Quem é que vai dizer que não?

De tanto andar o seu tênis furou.

O pé tocou o chão. No fim foi bom, pois alcançou,
Com as próprias mãos com os próprios pés,
A sua sorte e muito mais e tudo isso sem nunca perder a fé.

Perder a fé.
Perder o chão.
Perder a mão.
A direção.
E ao coração que vai ficar
Quem é que vai dizer que não?

11 junho 2008

Cada

Cadu Corrêa

cada um saiba de si
cada qual com a sua dor
cada sim com seu porém
cada quem onde couber

cada olhar em cada olhar
cada mão em cada mão
cada beijo, um beijo teu
um por vez, agora o meu

cada amor, um amor maior
eu cada vez mais só quero te dar um beijo
cada beijo me traz paz
eu quero muito mais que simplesmente um beijo

cada coisa em seu lugar
cada canto, escuridão
cada santo em seu altar
cada peito um coração

cada língua um paladar
gosto que se apaga não
cada beijo, um beijo teu
um por vez, agora o meu

cada amor, um amor maior
eu cada vez mais só quero te dar um beijo
cada beijo me traz paz
eu quero muito mais que simplesmente um beijo

sua voz um verso meu
ouvir você dizer é o que mais desejo
nosso amor na contra-mão
muda de opinião fluindo como um Tejo

02 junho 2008

Se eu quiser fugir

Cadu Corrêa

Se eu quiser fugir
Vem me segurar
Aperta minha mão e me abraça
'Que, na verdade, eu tenho medo

Me proteje de mim
E do pior que é ficar longe de você
Aperta minha mão e me abraça
'Que, na verdade, eu tenho medo


Me cede sua calma
Pois a certeza ninguém tem
E ninguém sabe se é bom

Vamos cantar
Descompassar de alegria
Vamos errar, sair do tom

Eu já não moro mais aqui
Então me leva com você
Pra onde quer que você for
Pra onde formos nos perder

Eu quero esquecer em que ano estamos
E se alguém me perguntar que horas são
Eu respondo com um sorriso
E tanto faz...